Trabalhando a Internet com uma vis�o social
Setembro de 2002
Documento final
CONTEXTO
Este documento
foi realizado coletivamente (cf. cap�tulo �processo�) para servir de guia a
v�rias atividades ligadas aos projetos M�stica3
e Ol�stica, coordenados pela Funda��o Redes e Desenvolvimento (FUNREDES4).
Mais
especificamente, serve de base para uma observa��o alternativa do impacto social das TIC na Am�rica Latina e no
Caribe. Tal observa��o deve inspirar-se nos princ�pios da
"Isticometria"5,
que estabelecem que os indicadores precisam ser desenvolvidos dentro de
processos participativos a fim de
que se consigam vincular as prioridades de desenvolvimento estabelecidas pelas
comunidades e de que estes indicadores sejam elaborados de acordo com a
relev�ncia social dos fen�menos para os quais apontam, relev�ncia que n�o se
pode abandonar aos preconceitos das elites ou dos agentes dominantes. De fato,
o prop�sito � de que as sociedades, os agentes e, sobretudo, as pessoas que
devem gozar de seus benef�cios tenham uma participa��o no processo de
formula��o das pol�ticas p�blicas.
Assim, este
documento pretende modelar, em termos acess�veis a pessoas n�o especializadas
no tema, a vis�o da Internet como ferramenta de desenvolvimento social que um coletivo de pessoas (acad�micos/as e gente da �rea) foi
conceituando em discuss�es virtuais desde 1999. O alcance deste documento
deveria ir logicamente al�m dos projetos mencionados e poderia representar uma
contribui��o de nossa regi�o ao debate internacional sobre a sociedade da
informa��o.
ANTECEDENTES
O projeto
M�stica produziu dois documentos coletivos anteriores sobre a mesma tem�tica,
mas com enfoques diferentes:
A esta lista deve-se adicionar um documento que n�o
foi produzido coletivamente e que n�o faz parte das realiza��es do projeto
M�stica, mas que, no entanto, � fruto de consultas relevantes, transmitindo, em
boa medida, as reflex�es da CV M�stica:
Existem,
igualmente, outros documentos regionais com uma perspectiva bastante pr�xima,
frutos da reflex�o coletiva em outros espa�os, direta ou indiretamente:
� �Carta a la T�a Ofelia: Siete propuestas para un
desarrollo equitativo con el uso de NTC�9, 4/02, de Ricardo G�mez
e Benjam�n Casadiego, inspirados num trabalho de cria��o coletiva durante a
Oficina de Interc�mbio de Experi�ncias sobre Apropria��o Social de NTIC para o
Desenvolvimento na Am�rica Latina e no Caribe, organizada por ITDG10,
Cajamarca, Peru, 3/02.
� ��Telecentros para qu�? Lecciones sobre telecentros
comunitarios en Am�rica Latina y el Caribe�G11, 9/02, de Ricardo
G�mez, Karin Delgadillo e Klaus Stroll, inspirado na experi�ncia do projeto
Somos@TelecentroG12.
Este conjunto de documentos, incluindo o presente
documento, representam a produ��o original
e pr�pria � regi�o da Am�rica Latina e do Caribe sobre as tem�ticas da
sociedade da informa��o.
PROCESSO
O processo de coletiviza��o do documento foi
sistematizado por Kemly Camacho, da
Fundaci�n Acceso13,
da seguinte maneira:
- a autora redigiu uma
proposta inicial onde tentou modelar o conte�do consensual das discuss�es da
Comunidade Virtual (CV) M�STICA nos �ltimos meses;
- esta proposta inicial
foi submetida a discuss�o no �mbito do grupo de coordena��o do projeto OL�STICA14;
- produziu-se uma segunda
vers�o15
que integrava os coment�rios do grupo de coordena��o;
- a seguir, o documento
foi levado a discuss�o16
no �mbito da CV M�stica, com uma agenda de discuss�o que se estendeu por v�rias
semanas;
- finalmente, os
coment�rios coletados foram integrados nesse documento para produzir uma
pen�ltima vers�o;
- esta, por sua vez, foi
revisada por um grupo de coordena��o e finalizada pelo respons�vel do projeto,
Daniel Pimienta, antes de ser exposta � CV, que p�de avaliar se seus
coment�rios tinham sido devidamente integrados e, assim, finalizar o documento.
Com este documento, chegou-se a um produto que
reflete, de maneira geralmente consensual e em grandes linhas, os enfoques do
coletivo M�stica. N�o obstante, salientamos que n�o se trata de um documento
formalmente endossado por cada um dos participantes da CV M�STICA.
Os coment�rios finais, que abrem ainda mais as
perspectivas deste documento, est�o reunidos no seguinte endere�o. http://funredes.org/mistica/castellano/emec/produccion/memoria6/1326.html.
INTRODU��O
J� h� algum tempo17,
na Comunidade Virtual M�stica, integrada por latino-americanos/as y
caribenhos/as, estamos desenvolvendo um processo de reflex�o sobre o tema do
abismo digital, a sociedade da informa��o, o conhecimento e impacto social da
Internet. Com o t�tulo de "Vis�o Social da Internet", refletimos,
empreendemos e promovemos a��es onde se aprofundem a compreens�o dos efeitos e
impactos desta tecnologia ao se inserirem em nossas sociedades e onde se estabele�am
a��es que promovam uma apropria��o social da Internet. A seguir, apresentamos
os princ�pios fundamentais partilhados por aqueles que, como n�s, fazem estas
propostas.
1. A Internet18
� um tema social,
n�o s� t�cnico ou comercial. |
N�o vemos a rede de redes somente
como uma plataforma tecnol�gica. Preferimos v�-la como um novo espa�o de
intera��o entre os seres humanos, criada por n�s mesmos (as) para nosso pr�prio
benef�cio.
Este espa�o vai se transformando a partir da pr�pria intera��o que vamos
desenvolvendo. Ent�o, consideramos que esta tecnologia deve ser vista,
analisada, manuseada, estudada e utilizada do ponto de vista social, tentando
entender os novos tipos de rela��es que se estabelecem dentro deste espa�o, os
novos processos sociais que gera, as transforma��es culturais que produz, as
novas vis�es do mundo que se constr�em, as novas rela��es econ�micas que se
estabelecem.
A Internet n�o deve ser vista como a rede de redes do ponto de vista
t�cnico, ou seja, de m�quinas interconectadas. A Internet deve ser vista como
uma rede de redes humanas que se relacionam umas com as outras e onde os
computadores s�o somente a plataforma tecnol�gica que permite midiatizar19
essas rela��es.
Claro que o fato de que esteja baseada numa plataforma tecnol�gica de computadores
inter-relacionados faz com que esta rede de redes humanas funcione com
caracter�sticas inovadoras e espec�ficas. A partir do momento em que as
rela��es passam pela plataforma tecnol�gica, as comunica��es sofrem
modifica��es em sua forma e fundo.
Por outro lado, pensamos que � importante que a Internet n�o seja
considerada somente como uma ferramenta para a realiza��o de novas formas de
interc�mbios comerciais � que � o que atualmente prioriza, estimula e apoia o
setor privado -, mas tamb�m para promover a dinamiza��o de estruturas e
rela��es econ�micas, pol�ticas e sociais alternativas �s tradicionais. Movida
somente pelas for�as de mercado, a Internet reproduzir� e aumentar� as
diferen�as sociais existentes.
A sociedade civil tem um papel fundamental ao definir os novos tipos de
rela��es e constru��es sociais que deveriam se desenvolver a partir da
incorpora��o das tecnologias da informa��o e comunica��o. Esta n�o � uma
problem�tica s� de governos e empresas.
2. Estimulamos a igualdade na possibilidade de acesso, o uso com sentido e a apropria��o social da Internet. |
|
Para a an�lise, conduzir as a��es e
elaborar propostas relacionadas com esta tecnologia, utilizamos as categorias
de igualdade de possibilidade de acesso, com um sentido e apropria��o social da
Internet.
Consideramos que a simultaneidade dos tr�s aspectos � importante para atingir
um impacto social positivo ao incorporar a Internet em nossos pa�ses.
Compreendemos o acesso com igualdade de possibilidades como a
possibilidade de que todas as pessoas tenham acesso aos benef�cios da Internet.
Incorporamos nesta categoria tanto o acesso � tecnologia quanto o
desenvolvimento das capacidades t�cnicas e metodol�gicas para poder ter um uso
efetivo das potencialidades por ela oferecida. As barreiras ao acesso
eq�itativo n�o s�o somente t�cnicas, mas tamb�m educativas, ling��sticas e
culturais.
Neste sentido, tamb�m nos preocupamos com a busca de alternativas na
conex�o e capacita��o gratuitas ou a baixo custo e com as pol�ticas, a tomada
de decis�es e a administra��o na Internet. Estamos interessados em participar
nas defini��o das pol�ticas ligadas �s �reas, custos dos espa�os na Internet e
aspectos legais que rodeiam esta tecnologia de tal forma que nossas vis�es e
interesses sejam levados em considera��o.
Encontramos uma diferen�a entre o uso e o uso com sentido desta
ferramenta tecnol�gica. Apoiamos as a��es que promovam um uso que relacione as
necessidades dos diferentes grupos sociais e a busca de alternativas para as
resolver utilizando a Internet.
Enfatizamos a apropria��o social da Internet de forma que esta
ferramenta adquira um significado na quotidianidade dos grupos sociais e venha
a ser uma ferramenta para a gera��o de novos conhecimentos que lhes permita
transformar as realidades nas quais se encontram inseridos.
3. Nossa inten��o final � a transforma��o das sociedades. |
N�s que estudamos, pesquisamos, avaliamos e estimulamos a��es
relacionadas a esta tecnologia com uma vis�o social, manifestamos explicitamente que nos propomos a utilizar esta tecnologia
como ferramenta para a transforma��o das sociedades. Por isso, tentamos
descobrir e incentivar maneiras para que ela contribua na constru��o de novas
sociedades guiadas por valores comuns como rela��es mais eq�itativas, menos
discriminat�rias e que promovam a igualdade de oportunidades.
Al�m disso, enfatizamos, a partir de cada uma de nossas especificidades,
nosso compromisso em promover a��es que aproximem as oportunidades da Internet
dos grupos menos privilegiados de nossas sociedades.
�
4. N�o engrandecemos esta ferramenta tecnol�gica, mas encontramos na Internet uma oportunidade. |
N�o acreditamos que a Internet por
si s� produza mudan�as que transformem as condi��es econ�micas e sociais dos
grupos menos privilegiados de nossas sociedades e do mundo. N�o concebemos um
processo linear; n�o acreditamos que exista uma rela��o autom�tica ou uma
rela��o causa-efeito entre a Internet e o desenvolvimento social.
Para que esta tecnologia seja aproveitada como uma ferramenta de
desenvolvimento social, devem existir processos que possibilitem �s popula��es,
organiza��es e pa�ses apropriarem-se dessa tecnologia de tal forma que a
Internet venha a formar parte de seu quotidiano e tenha um sentido em sua vida
di�ria. Ou seja, que tenha um significado na possibilidade de melhorar as
condi��es de vida, que seja algo pr�ximo e relevante para a transforma��o das
rela��es sociais, econ�micas e pol�ticas existentes.
Devemos insistir para mudar o
sentido das a��es relacionadas � Internet e que s�o estimuladas. Estas a��es
priorizam a instala��o de conex�es e equipamentos e, posteriormente,
pergunta-se para que podem servir. Convidamos a uma reflex�o inicial conjunta
sobre os principais problemas e necessidades existentes, como a Internet pode
contribuir para resolv�-los e, posteriormente, decidir se s�o realiz�veis, como
e onde, estas instala��es de equipamentos e conex�es.
A Internet � uma porta aberta e ainda podemos aproveitar as
organiza��es, comunidades, pessoas e pa�ses para melhorar as condi��es de vida
das popula��es menos favorecidas.
Mas tamb�m estamos cientes de que tudo depende das a��es que
empreendamos num futuro pr�ximo para que os espa�os de aproveitamento da
Internet na transforma��o das sociedades se reduzam ou se ampliem.
Neste sentido, a Internet deve responder a uma estrat�gia de comunica��o
e informa��o adotada por aqueles que desejam, como n�s, uma melhoria das
sociedades nas quais vivemos.
5. O conceito de abismo digital deve ser abordado de forma coletiva, e n�o individual. |
O abismo digital � produto da
ruptura social.
Primeiramente, consideramos que o abismo digital n�o existe por si mesmo, mas �
o produto das rupturas sociais. Ou seja, trata-se das diferen�as sociais
preexistentes, pol�ticas ou econ�micas, da distribui��o do poder e dos recursos
que as provocam.
O abismo digital n�o enfrenta
somente m�quinas conectadas. Enfrentar o abismo digital implica n�o s� dispor de
computadores, mas tamb�m desenvolver as capacidades necess�rias junto � popula��o
para que possam aproveitar esta ferramenta tecnol�gica em benef�cio do
desenvolvimento pol�tico, social e econ�mico. Isso significa, al�m de poder ter
acesso a computadores conectados, melhorar a auto-estima, a organiza��o
comunit�ria, o n�vel educativo, as capacidades de intera��o com outras pessoas
e grupos, os n�veis de empowerment para ser propositivo, entre outras coisas.
Vencer o abismo digital significa que os grupos com os quais trabalhamos t�m
capacidade suficiente para poder aproveitar esta tecnologia e melhorar suas
pr�prias condi��es de vida e a de seu meio.
Em resumo, o abismo digital n�o
deve ser medido somente por sua infra-estrutura (por exemplo, o n�mero de
m�quinas conectadas), mas tamb�m pela capacidade que tenhamos desenvolvido para
transformar a informa��o dispon�vel e as rela��es existentes na Internet em
conhecimentos proveitosos para melhorar nossas condi��es de vida e nossas
rela��es de apoio m�tuo.
Superar o abismo digital � um
problema coletivo e n�o individual. Por esta raz�o, n�o estamos de acordo com a
id�ia de enfocar a medi��o do abismo digital de forma individual. A medi��o
mais comum � feita a partir do n�mero de habitantes com rela��o ao n�mero de
m�quinas conectadas. Damos �nfase � id�ia de valorizar mais a op��o coletiva.
Neste sentido, consideramos que os benef�cios da Internet n�o prov�m da conex�o
em si, mas dos efeitos por ela produzidos. Ou seja, poder�amos falar de redu��o
do abismo digital se os benef�cios desta ferramenta atingissem uma comunidade
por inteiro, ainda que esta comunidade tivesse poucos ou nenhum computador
conectado. Quando falamos de superar o abismo digital, falamos de comunidades,
organiza��es ou fam�lias que tiram proveito da Internet ainda que n�o estejam
conectadas diretamente, e n�o da rela��o um a um, indiv�duo-m�quina.
Para exemplificar, se numa
comunidade um grupo de jovens tem acesso � Internet em seu col�gio (e n�o em
sua comunidade) e descobre, por meio desta ferramenta, uma nova maneira de
transformar em �gua pot�vel a �gua do rio, discute sobre esta informa��o com os
adultos, adapta a informa��o �s suas condi��es de vida, realiza um projeto
similar de acordo com suas necessidades e vis�es do mundo, conseguindo produzir
entre eles/as �gua pot�vel a partir da fonte do rio. E se isto serve de exemplo
e o grupo continua atuando desta maneira, estar� oferecendo � comunidade os
benef�cios da Internet. Ent�o, podemos falar de a��es que permitem uma redu��o
do abismo digital junto � esta comunidade apesar de que somente um grupo de
jovens tenha acesso � Internet e de que n�o existam computadores com acesso
nesta comunidade.
Pensamos que o abismo digital deve ser valorizado com base nos
benef�cios oferecidos ou n�o pela Internet �s popula��es e cremos que o simples
fato de ter uma conex�o n�o � suficiente para atingir estes objetivos.
Evidentemente, estes processos s�o mais r�pidos quando existem conex�es na
comunidade, mas a simples conex�o n�o far� a diferen�a.
Assim, damos apoio �s a��es que reduzem o abismo digital, oferecendo os
benef�cios da Internet �s popula��es de forma coletiva e n�o s� �s a��es que
tendam � conex�o de todos � Internet. Pensamos que os esfor�os e recursos para
a redu��o do abismo digital n�o devem estar centrados nas m�quinas, mas sim nos
processos comunit�rios, organizativos e nacionais que ofere�am os benef�cios da
tecnologia � maior parte da popula��o.
6. Na Internet refletem-se as rupturas sociais de nossas sociedades: depende de n�s aproveitar e defender os espa�os abertos existentes. |
� �bvio que na Internet existem
diferen�as. N�o temos todos as mesmas possibilidades de acesso ao que se
apresenta na rede, nem a mesma facilidade para visibilizar o que produzimos,
nem os mesmos recursos tecnol�gicos e equipamentos para aproveitar esta
ferramenta. Estas diferen�as est�o relacionadas com os custos e o conhecimento
da tecnologia.
Preocupamo-nos por esta tend�ncia, mesmo se pensamos que ainda existem
muitos espa�os abertos. Trabalhamos para apoiar a��es que reduzam o perigo de
que a Internet se transforme numa ferramenta manipulada principalmente pelos
recursos econ�micos dos que dela participam.
Procuramos que as pessoas que menos possibilidades t�m em nossas
sociedades para serem ouvidas possam encontrar nesta ferramenta um espa�o para
suas vozes, para interagir e organizar-se com outras pessoas e um lugar onde
possam encontrar informa��o que lhes ajude a buscar solu��es e a resolver
necessidades.
7. A Internet pode refor�ar os processos de desenvolvimento humano j� existentes |
A Internet � sobretudo uma
ferramenta apta a criar e refor�ar as redes humanas. Sua introdu��o est�
possibilitando a cria��o de uma nova rede social que temos que compreender e
dominar.
A Internet � uma ferramenta que pode facilitar, melhorar, agilizar os
processos que se est�o desenvolvendo nos pa�ses, comunidades, organiza��es e
regi�es, e que tendem a melhorar as condi��es de vida da maior parte das
popula��es.
Portanto, damos apoio �s a��es que integrem a Internet dentro das
pr�ticas sociais e das iniciativas organizativas j� existentes que tendem a
melhorar as condi��es de vida dos menos favorecidos e que promovam o
desenvolvimento de processos participativos mais amplos.
8. A Internet oferece informa��o, n�o conhecimento. |
Pensamos que a Internet � uma fonte
inesgot�vel de informa��o, mas que n�o nos fornece conhecimento. O conhecimento �
produzido por n�s mesmos de forma individual ou coletiva ao assimilar a
informa��o, refletindo sobre ela, adaptando-a a nossas experi�ncias,
necessidades, condi��es, vis�es do mundo, discutindo com outras pessoas pessoal
ou virtualmente
A gera��o de conhecimento implica desenvolver o �processo de pensar� e
esta � uma a��o de car�ter absolutamente humano. A Internet ajuda-nos neste
processo, facilitando-o, j� que encontramos em seu interior experi�ncias
parecidas, li��es aprendidas, novas id�ias sobre os mesmos temas, recebemos
informa��o, ampliamos nossas vis�es, discutimos amplamente com pessoas e grupos
de muitos lugares do mundo. Mas o
processo de gera��o de conhecimentos acontece fora da Internet.
Acreditamos que � necess�rio ir al�m do mito de que a informa��o �
conhecimento e de que, conseq�entemente, o simples fato de estar conectado �
Internet possibilita obter mais conhecimento.
9. A gera��o de novos conhecimentos � um motor da mudan�a que a Internet pode fortalecer, mas � preciso descobrir como funciona. |
A gera��o de novos conhecimentos que incorporam a Internet como uma
ferramenta de informa��o e comunica��o n�o � um processo f�cil. � indispens�vel
descobrir as novas habilidades e capacidades, a varia��o nos processos de
trabalho, os novos perfis educativos que nos permitir�o aproveitar melhor esta
ferramenta para a gera��o de conhecimentos. Se n�o fazemos estas reflex�es, corremos o risco de coletar muita
informa��o sem obter as mudan�as almejadas e ficaremos inertes pela quantidade
incomensur�vel de dados.
A constru��o de conhecimentos que proponham novas solu��es �s
necessidades, melhorem as formas de produ��o, proponha alternativas aos
problemas, ser� o motor de transforma��o das sociedades. Mas, aprender a
faz�-lo n�o � um processo espont�neo e, portanto, tratamos de apoiar os estudos
e pesquisas que enfatizem a descoberta destas novas formas de produ��o e a
promo��o desta id�ia junto �s ag�ncias internacionais, governos nacionais e
locais, organiza��es e comunidades.
A descoberta destas novas formas de produ��o deve ser feita em conjunto
com os agentes sociais de forma que a constru��o leve em considera��o as
diferentes vis�es do mundo, estimulando o processo de apropria��o da ferramenta
tecnol�gica.
O importante � que a Internet se
converta numa ferramenta �til para que os grupos sociais menos privilegiados
gerem novos conhecimentos que lhes permitam melhorar suas condi��es de vida e
transformar as sociedades em que vivem.
10. O impacto da Internet est� nas mudan�as que gera. |
Continuando nesta linha de pensamento, quando se fala do impacto da
Internet, tentamos entender como a Internet transformou o quotidiano das
pessoas em sua vida pessoal, em sua atividade no trabalho, suas rela��es
interpessoais, a n�vel organizacional e de cidad�o.
Quando falamos de avaliar o
impacto, tentamos descobrir em que medida a Internet est� transformando as
realidades grupais e pessoais daqueles que formam a sociedade. N�o enfatizamos o n�mero
de computadores, as velocidades de conex�o, a quantidade de mensagens, etc.
Estes s�o para n�s elementos que nos permitem compreender o contexto no qual
vivemos. Tratamos de ir al�m do aparente para entender o essencial, o que
restar� desta transforma��o.
11. Preocupa-nos saber que a introdu��o das TIC leva a transforma��es da sociedade que acarretam mudan�as sociais positivas para nossa regi�o. |
Somos cautelosos ao afirmar que se est� construindo uma nova sociedade
da informa��o e do conhecimento. Tomamos cuidado para n�o estar repetindo um
slogan. Pensamos que todas as sociedades tiveram suas pr�prias formas de gerar
conhecimentos e que esta depende do contexto cultural.
Constatamos com aten��o as
modifica��es nas estruturas sociais, pol�ticas e econ�micas que est�o sendo
produzidas para poder afirmar que n�o est�o sendo refor�adas as estruturas
existentes e que a transforma��o � substancial.
Al�m disso, n�o consideramos que a Internet seja o �nico fator de
transforma��o das sociedades atualmente. Adotamos uma vis�o integral e cr�tica,
onde se analisem os muitos fatores e din�micas que as transformam
permanentemente.
12. Tamb�m � poss�vel viver sem a Internet |
Pensamos que a Internet pode ter tamb�m conseq��ncias negativas na vida
pessoal, organizativa e social. Com freq��ncia, tudo o que viaja por este meio
� mais quantitativo que qualitativo. A Internet pode produzir sobrecargas de
trabalho, satura��o, limita��o no contato pessoal, sentimentos de imediatismo,
diminui��o dos espa�os de leitura, reflex�o e lazer.
Tamb�m � poss�vel viver sem a Internet, apesar das press�es do contexto
que incitam todas as pessoas, organiza��es e institui��es a se conectarem. N�o
obstante, esta decis�o deve ser feita com conhecimento de causa, ou seja,
depois de ter tido a oportunidade de conhecer a din�mica que a Internet
implica.
13. Considera��es para determinar a apropria��o social da Internet em nossas a��es e projetos. |
Partindo das posi��es expostas anteriormente e em
forma de resumo-guia, propomos a seguir uma s�rie de perguntas que nos permitem
analisar as diferentes propostas e a��es desenvolvidas em rela��o com a
incorpora��o da Internet em nossos pa�ses e seus habitantes.
1. Diret�rio da CV M�stica: http://funredes.org/mistica/castellano/emec/participantes/
2.
http://funredes.org/olistica
3.
http://funredes.org/mistica
5.
http://www.funredes.org/olistica/documentos/doc2/isticometros.html
6.
http://funredes.org/mistica/castellano/ciberoteca/tematica/esp_doc_sam2_1.html
7.
http://funredes.org/mistica/castellano/ciberoteca/tematica/esp_doc_cv.html
8.
http://www.acceso.or.cr/PPPP/
9.
http://www.idrc.ca/pan/ricardo/publications/Ofelia.htm
11
http://www.idrc.ca/pan/ricardo/publications/tcparaque.pdf
12
http://www.tele-centros.org/
14
http://www.funredes.org/olistica/socios/
15.
http://funredes.org/mistica/castellano/ciberoteca/tematica/esp_doc_olist.html
16.
http://funredes.org/mistica/castellano/emec/produccion/
17� Desde
fevereiro de 1999, quando iniciaram-se as discuss�es na CV M�STICA.
18
�Internet� � um protocolo de comunica��o (TCP-IP) que permite que computadores
possam se comunicar entre eles. �A Internet� � uma rede que possibilita que as
pessoas se comuniquem e se informem atrav�s do uso de m�quinas e protocolos:
por isso preferimos utilizar a express�o �a Internet�, que se refere � rede
humana e que est� acima da camada tecnol�gica.
19 E em muitos casos, devido a suas limita��es de interface, "desmidiatizar"�