Formando Cidad�os para a Sociedade da Informa��o: A experi�ncia dos Operadores da Rede de Informa��o Comunit�ria
Desde a d�cada de 90, o Instituto de Inform�tica Educativa da Universidad de La Frontera (Chile) desenvolve a��es destinadas a superar as lacunas digital e cognitiva, tanto em escala nacional como regional (Araucan�a). Implantou-se no pa�s o projeto-piloto que assentou as bases da Red Educacional Enlaces, do Minist�rio da Educa��o (www.redenlaces.cl. J� na escala regional, suas a��es se localizam no Programa �Red de Informaci�n Comunitaria� (www.redcomunitaria.cl).
Reconhecendo prop�sitos semelhantes, assim como p�blicos diferentes, a Red de Informaci�n Comunitaria retirou v�rias li��es de Enlaces (pedag�gicas, t�cnicas e de gest�o), todas elas �teis para gerar um programa que, no plano tecnol�gico, realizou a implementa��o de uma rede de Telecentros Comunit�rios e que, no plano de forma��o, desenvolve um programa de capacita��o para operadores de Telecentros cuja finalidade � gerar � em indiv�duos da pr�pria comunidade �, conhecimentos e habilidades para administrar esses centros de acesso �s TIC.
O objetivo deste artigo � expor o modelo de forma��o de operadores, enfatizando tanto as caracter�sticas dos indiv�duos a serem capacitados, como os aspectos substantivos do modelo, ressaltando o car�ter integral deste processo (forma��o nas �reas de: gest�o, t�cnica, software e comunit�ria).
O que � a Red de Informaci�n Comunitaria?
1. �Qu� es la Red de
Informaci�n Comunitaria?
De acordo com Araya e Orrego, esta Red de Informaci�n � um grupo de Telecentros Comunitarios e Infocentros distribu�dos em diferentes localidades de La Araucan�a[1], cujo funcionamento � coordenado pelo Instituto de Inform�tica Educativa de la Universidad de la Frontera (www.iie.ufro.cl) [1].
Esta rede conta, atualmente, com 31 centros
de acesso comunit�rio �s TIC, os quais, em sua maioria, dependem
administrativamente de Munic�pios. O processo de implementa��o e expans�o da
Red de Informaci�n Comunitaria pode ser resumido da seguinte maneira:
Tabela 1. Processo de implementa��o Red de Informaci�n
Comunitaria
Tabela 1. Processo de implementa��o Red de
Informaci�n Comunitaria
Data |
Situa��o |
Fonte de Financiamento |
1997 |
- Implementa��o
de Telecentros Comunit�rios em Cunco e Temuco[2] |
|
1999 |
- Implementa��o
de dez Telecentros Comunit�rios e fortalecimento de um |
GoRe[5],
UFRO e Munic�pios de La Araucan�a |
2000 |
- Implementa��o
de cinco Telecentros Comunit�rios |
BancoEstado,
UFRO e Munic�pios de La Araucan�a |
2001 |
- Implementa��o
de um Telecentro Comunit�rio e fortalecimento de quatro |
CORFO[6],
SubTel[7],
UFRO, TelSur[8] e
Munic�pios de La Araucan�a |
2002 |
- Implementa��o
de tr�s Infocentros para MyPes e fortalecimento de um |
SERCOTEC[9],
UFRO e Associa��o de Municipalidades de Nahuelbuta |
Fines de 2002 |
- Implementa��o
de oito Telecentros Comunit�rios |
|
�2003[12] |
- Implementa��o
de tr�s novos Telecentros Comunit�rios |
FDTII, UFRO,
DIBAM e Munic�pios de La Araucan�a |
2. Operador: figura-chave
no Desenvolvimento de um Telecentro Comunit�rio
Reunindo os elementos centrais de diversas defini��es que existem sobre um operador de Telecentro [2], � poss�vel concluir que ele � a pessoa que faz a intermedia��o entre o usu�rio e a tecnologia. Geralmente pertence � comunidade na qual desenvolve sua atividade, o que � coerente com um modelo de desenvolvimento local. Al�m disso, o fato de ele conhecer os membros de sua comunidade favorece a gera��o de um ambiente de empatia e de comunica��o prop�cio para desenvolver atividades entre a comunidade e o Telecentro.
2.1 Perfil do Operador de
Telecentros Comunit�rios
Este perfil considera tr�s dimens�es: gest�o do Telecentro, rela��o com a comunidade e produ��o de conte�dos locais. Para cada uma dessas dimens�es assinalam-se algumas qualifica��es com as quais o operador deve contar e que fazem parte do processo formador implementado pelo Instituto de Inform�tica Educativa.
a) Quanto � gest�o do Telecentro Comunit�rio:
� Especializa��o no uso de recursos inform�ticos, cujo principal papel � mediar entre as tecnologias e os usu�rios dos servi�os do Telecentro.
� Capacidade para gerar alian�as no interior da comunidade, a fim de potencializar a utiliza��o do servi�o e a amplia��o de sua oferta de recursos.
� Promover uma estrat�gia de sustentabilidade econ�mica e social para o Telecentro.
b) Do ponto de vista de sua rela��o com a comunidade:
� Alto conhecimento das redes locais, organiza��es comunit�rias da comunidade e de sua estrutura org�nica, com o objetivo de aproximar as tecnologias dos problemas que elas possuem.
� Relacionador entre a comunidade e o telecentro.
c) Do ponto de vista da produ��o de conte�dos locais:
� Capacidade para acentuar temas que s�o importantes e pertinentes para a comunidade.
� Capacidade para gerar as condi��es que permitam conhecer e sistematizar as demandas de informa��o oriundas da comunidade.
�
Capacidade
para implementar conte�dos locais na plataforma tecnol�gica de difus�o[13]
Reconhecendo
o que foi assinalado, � importante expor as caracter�sticas do grupo de
operadores da Red de Informaci�n Comunitaria, porque � o que configura o
cen�rio no qual se trabalhou para desenvolver os processos formadores no que se
refere aos operadores de Telecentros.
Do
ponto de vista de g�nero, existe uma leve maioria de mulheres que desempenham
atividades como operadoras (52%), o que pode ser explicado pela maior
implementa��o de Telecentros Comunit�rios em Bibliotecas, espa�os
tradicionalmente associados ao sexo feminino.
Do
ponto de vista et�rio, as idades variam entre 21 e 50 anos, concentrando-se a
maior quantidade de pessoas entre 21 e 30 anos (66%). No que diz respeito aos estudos
realizados, a maior porcentagem de operadores se concentra no n�vel Secund�rio
(65%) e Superior Incompleto (26%). � importante assinalar que os motivos que
explicam a concentra��o dos indiv�duos nos n�veis educativos assinalados s�o,
principalmente, a situa��o geogr�fica das comunidades de origem dos operadores
� afastadas dos centros de estudos superiores da Regi�o � e a aus�ncia de
recursos econ�micos para dar continuidade aos estudos.
2.2 Modelo de Forma��o
de Operadores de Telecentros
O projeto metodol�gico elaborado para o processo de forma��o de operadores tem como eixos centrais os conceitos de: confian�a, apredizagem colaborativa, pedagogia l�dica e desenvolvimento de esp�rito cr�tico. Nesta defini��o foi resgatada a experi�ncia capacitadora da Red Educacional Enlaces, quanto a outorgar �s TIC o papel de recurso tecnol�gico facilitador de aprendizagens[14].
Pelo que foi dito, a configura��o de um ambiente l�dico destinado ao estabelecimento de confian�a entre a equipe de capacita��o e os futuros operadores foi definida como condi��o necess�ria para conseguir a intera��o entre indiv�duos e educadores. Esta situa��o � ainda mais relevante para o processo formador considerando-se que a maioria dos futuros operadores n�o conta com processos de escolariza��o finalizados e/ou ficam v�rios anos fora do sistema de educa��o formal.
A modalidade educativa definida para implementar o processo de ensino-aprendizagem tem duplo aspecto: presencial e � dist�ncia, associando a cada uma das modalidades, atividades, estrat�gias de interven��o pedag�gica e recursos tecnol�gicos.
As sess�es de capacita��o s�o desenvolvidas no laborat�rio de inform�tica do Instituto de Inform�tica Educativa, por meio de uma din�mica pedag�gica caracterizada por tr�s etapas: apresenta��o, a��o pedag�gica e avalia��o.
Na etapa de apresenta��o realiza-se a introdu��o do conceito ou habilidade que se quer desenvolver durante a sess�o de capacita��o. Na a��o pedag�gica, o papel central � desempenhado pelos operadores, que realizam atividades destinadas a se apropriarem de conceitos, como por exemplo: an�lise do conceito de navega��o. Finalmente, na etapa de avalia��o, transita-se entre a modalidade co-avaliativa e a auto-avalia��o, sendo princ�pio b�sico desse projeto a gera��o de um ambiente que permita tanto uma retroalimenta��o para cada operador, como o fortalecimento do esp�rito cr�tico coletivo.
Neste aspecto da modalidade presencial, a ocorr�ncia dos conceitos-chave se estrutura de forma variada ao longo das etapas no processo de capacita��o, sem preju�zo do que existem certas caracter�sticas que possuem um car�ter transversal � capacita��o: a confian�a, a cr�tica, a colabora��o e o l�dico. Tudo isso � relevante considerando que, devido �s caracter�sticas dos operadores, o mais importante � gerar um clima de confian�a, no qual se baseia o processo pedag�gico.
A modalidade � dist�ncia se circunscreve limita a dois objetivos: provocar uma apropria��o maior, dos conte�dos e habilidades apresentados nas sess�es presenciais, e fortalecer a rede social [3] formada entre operadores e membros da coordena��o da Red de Informaci�n Comunitaria. Para atingir esses objetivos foram elaboradas atividades que se encontram associadas a uma s�rie de recursos tecnol�gicos.
2.3 �mbitos de forma��o e conte�dos do programa de
capacita��o de operadores de Telecentros
S�o cinco os n�veis que comp�em o processo de forma��o de operadores: Gest�o, T�cnico, Software e Sistema de Informa��o, Avalia��o e Comunit�rio.
A determina��o desses cinco n�veis baseia-se na an�lise das dimens�es definidas como essenciais para o desenvolvimento da atividade como operador.
Conte�dos do Programa
Anual de Forma��o de Operadores de Telecentros Comunit�rios
Gest�o������������������ Aten��o P�blico������ Resolu��o de Conflitos��������������� Gest�o Cont�bil
Registro Usu�rios
T�cnico���������������� Armado de Equipes����������� Uso de Antiv�rus��������������� Problemas T�picos
����������������������������������������������������������������������������� Configura��o de Hardware���������������������������������������������� Telecentros
�������������������������������
������������������������������� Software�������������� Uso de Suite Office
�������������������������������������������������������������� Uso de Star Office������������� Uso de Servi�os����������������� ���� Uso de Portais
���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� Internet���������������� Sele��o de Software
������������������������������� Avalia��o������������ Procedimentos�������������������� Prepara��o de um Cabildo
�������������������������������������������������������������� Elabora��o de Informes
������������������������������� ������������������������������ Autocuidado������� Projeto de um Plano Estrat�gico����� Anima��o de Grupos
�������������������������������������������������������������� Gera��o de Redes
3. Resultados
Os resultados mais relevantes t�m rela��o com duas situa��es: em primeiro lugar, o incremento no n�vel de apropria��o tecnol�gica que se observa nos operadores como resultado do processo formador e, em segundo lugar, a crescente autonomia dos operadores com rela��o � coordena��o da Red de Informaci�n Comunitaria, para executar programas de capacita��o em uso b�sico de TIC, em suas respectivas comunidades.
No decorrer de um programa anual de forma��o, � poss�vel observar o aumento importante dos n�veis de apropria��o tecnol�gica dos operadores, caracterizado pela obten��o de conhecimentos e habilidades TIC, o que resulta em sua promo��o ao n�vel de apropria��o imediatamente superior (Nulo � Baixo e Baixo � M�dio). O processo de promo��o entre os n�veis M�dio e Alto requer um aprofundamento no processo formador e, portanto, do ponto de vista temporal, consegue-se, em termos gerais, somente a partir de 24 meses de participa��o no programa, contando com a completa disposi��o do operador.
O segundo resultado relevante mant�m rela��o com a autonomia obtida pelo operador para implementar processos de habilita��o em suas comunidades, que come�am a ser operacionalizados no segundo semestre do processo de desempenho como operador, seguindo uma rotina que considera o acompanhamento nas a��es de capacita��o da coordena��o para, posteriormente, assumir maior desempenho como �facilitador pedag�gico�, o que finaliza com a execu��o de uma sess�o completa de habilita��o, processo que � observado e avaliado pelos encarregados de capacita��o da Red de Informaci�n Comunitaria.
Os processos de habilita��o destinam-se, principalmente, a grupos organizados das comunidades, por exemplo: Dirigentes Vicinais, Microempres�rios, Semin�rios Trabalhistas e Grupos de Adultos, pelo que se torna indispens�vel � para o sucesso dos processos de habilita��o � a exist�ncia de c�digos culturais comuns entre os participantes das sess�es de habilita��o, assim como a necess�ria pertin�ncia que deve existir no programa curricular.
Ao assumir o desafio de gerar capacidade t�cnicas em indiv�duos que administram Telecentros Comunit�rios, o resultado foi o desenvolvimento de uma rede de operadores altamente motivados, conscientes de suas limita��es e de suas capacidades, mas que contam com as compet�ncias necess�rias para agir com efic�cia num ambiente tecnologizado como � o Telecentro. O valor que este processo formador tem para pessoas de escolaridade variada e� n�vel inicial de apropria��o tecnol�gica deficiente mostra a efici�ncia de um modelo de forma��o que centraliza seu projeto e implementa��o no trabalho coletivo que combina tradi��o pedag�gica com tend�ncias atuais e que se encontra mediatizado pelas TIC.
Atualmente, uma vers�o refinada deste modelo faz parte do pacote tecnol�gico dos telecentros comunit�rios geridos pelo Instituto de Inform�tica Educativo. Al�m disso, componentes do pacote tecnol�gico foram transferidos a institui��es p�blicas do pa�s para o esbo�o e a implementa��o de pol�ticas nacionais de forma��o de recursos humanos em TIC e de supera��o da lacuna digital: Subsecretar�a de Telecomunicaciones[15] y Red Educacional Enlaces[16].�
4. Refer�ncias
[1] ARAYA, R.,
ORREGO, C. (2002). Internet en
Chile: Oportunidad para la Participaci�n Ciudadana, PNUD.
[2] KHLLADI, Y.
(2001). Recomendaciones (a gobiernos y
agencias) para el dise�o e implementaci�n de proyectos nacionales o regionales
de apoyo o promoci�n de telecentros. Revisado em 02 de novembro de 2002 de http://www.kiskeya-alternative.org/yacine/pub/recomend-tc1.htm.l
[3] ELKAIN, M. (1989). Las pr�cticas de la Terapia en Red. Barcelona: Gedisa.
Subsecretar�a de Telecomunicaciones e Red Educacional Enlaces
[1] � importante assinalar que a
Regi�o de La Araucan�a � a zona do pa�s que apresenta o menor �ndice de
Desenvolvimento Humano (Informe PNUD Las Comunas de Chile, 2002).
2 Ambos Telecentros foram os primeiros centros
comunit�rios de acesso �s TIC que existiram no pa�s. Durante esse mesmo ano foi
implementado o Telecentro Comunit�rio �El Encuentro�, em Pe�alol�n � Santiago,
administrado pela Corporaci�n El Encuentro (www.elencuentro.cl).
[9] Serviio de Cooperaci�n T�cnica
[10] Fundo de Desenvolvimento das Telecomunica��es.
[11] Diretoria de Bibliotecas, Arquivos e Museus.
[13] Portal Red de Informaci�n Comunitaria
[14] �
preciso assinalar que a equipe de educadores da Red de Informaci�n Comunitaria
projetou tanto o modelo pedag�gico como os materiais de capacita��o do programa
�Red Enlaces Abierta a la Comunidad: 2002
� 2005�, que, durante o ano de 2002, permitiu a capacita��o em usos b�sicos
de TIC de 15.000 Pais e Procuradores relacionados com os estabelecimentos
educacionais chilenos. Esses materiais
y que constituem a base da Campanha Nacional de
Alfabetiza��o Digital� incentivada pelo
Governo do Chile.Alfanetizaci�n
�est� a cargo del dise�o de los materiales de
capacitaci�n de la Campa�a Nacional de Alfabetizaci�n Digital impulsada por el
Gobierno de Chile
[15] Programa Nacional de Infocentros
[16] Projeto �Red Enlaces Abierta a la Comunidad�